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Chuveiro elétrico e mais: 7 invenções que você não sabia que são brasileiras
Conheça a história de produtos que melhoram a vida de pessoas (no Brasil e no mundo) e foram criados por inventores do nosso país
Por Alessan Silva
04 de Julho de 2025 às 13:05
A criatividade é uma marca do Brasil. Não à toa, existem uma série de invenções de destaque criadas no país – e que, você, provavelmente, não sabia que eram de brasileiros. Separamos abaixo 7 exemplos:
Chuveiro elétrico No passado, o aquecimento da água para o banho era feito via lenha ou gás. Em 1927, o brasileiro Francisco Canhos Navarro criou o chuveiro elétrico.
Francisco tinha uma pequena oficina em Jaú, no interior de São Paulo, quando criou um equipamento que recorre à rede elétrica para deixar quente a água do banho. O funcionamento envolve aquecer um pequeno fio de metal, chamado de "resistência", a altas temperaturas. Quando a água que vem do encanamento passa por esse metal, ela aumenta de temperatura, garantindo um banho quentinho.
Em 1950, a Light (sim, a empresa de eletricidade do Rio de Janeiro) começou a comercializar os chuveiros elétricos em larga escala. Na época, graças a ampla divulgação e os altos custos dos sistemas de gás, muitas pessoas aderiram a invenção brasileira que, em seguida, ganhou o mundo.
Filtro de barro Reconhecido como um dos sistemas de filtração mais eficientes do mundo, o filtro de barro é uma criação brasileira. O equipamento que utiliza a argila e o carvão para remover impurezas da água é uma evolução das moringas indígenas e se popularizou no Brasil nos séculos 19 e 20.
Antes da criação do filtro de barro, a água era trazida direto dos rios e córregos ou extraída de poços e cisternas. Isso possibilitava contaminações que se agravaram com a expansão das cidades.
Historiadores apontam que o imigrante italiano Victor Lamparelli foi o responsável por popularizar o filtro de barro entre os brasileiros.. Em 1920, em Jaboticabal, no interior de São Paulo, ele iniciou a produção e comercialização de um filtro reto, composto por uma talha de barro de duas partes, sendo que, entre elas, se colocava um ‘disco’ poroso, feito de uma mistura de barro, carvão e outros componentes, que tinha a função de filtrar a água. Foi o primeiro filtro de barro a ser comercializado em larga escala no Brasil. Ele recebeu o nome de filtro São João.
Nos anos seguintes, o filtro de barro se modernizou e outras empresas passaram a produzi-lo, tornando-se um item indispensável na casa dos brasileiros.
Câmbio automático O popular câmbio automático que facilita a vida de motoristas no mundo todo também foi criado por uma dupla de brasileiros. José Braz Araripe e Fernando Lemos foram os responsáveis pela invenção que, hoje em dia, está presente em mais da metade dos carros vendidos no Brasil.
Registros apontam que, desde 1902, a tecnologia do câmbio automático estava sendo esboçada pelos irmãos Sturtevant, de Boston (EUA). Na época, o invento funcionava apenas em altas rotações. Em seguida, Munro Alfred Horner aprimorou a técnica, mas a solução falhava.
Na década de 1920, ao se mudarem para os Estados Unidos, Araripe e Lemos se debruçaram sobre o projeto e conseguiram desenvolver um câmbio automático de sucesso. Os dois patentearam a ideia, em 1932. Em seguida, o projeto foi comprado pela General Motors que introduziu o câmbio automático na linha Oldsmobile 1940.
Escorredor de arroz Foi das mãos da cirurgiã dentista Therezinha Beatriz Alves de Andrade Zorowich que surgiu o primeiro escorredor de arroz. Na década de 1950, a dentista, que cozinhava nas horas vagas pediu a ajuda do marido para criar um utensílio para escorrer a água do arroz. O produto tem como diferenciar evitar a necessidade de dois potes - um para lavar e outro para escorrer. Nada como ter que lavar menos louça, não?
A ideia deu tão certo que ela resolveu patentear a invenção. Em seguida, o escorredor de arroz começou a ser fabricado em larga escala, e rapidamente caiu no gosto dos cozinheiros.
Antídoto contra venenos de cobra Considerado um dos maiores pesquisadores do Brasil, o médico Vital Brasil foi o responsável pela descoberta da especificidade dos soros antiofídicos, ou seja, entendeu que cada veneno de cobra precisava de um antídoto (soro) específico.
Registros apontam que após se formar na Escola de Medicina do Rio de Janeiro, em 1981, Vital foi para São Paulo, onde no interior do estado, passou a perceber que muitos lavradores morriam vítimas de picadas de cobras.
Com a leitura de artigos do médico e bacteriologista francês Léon Calmette (1863-1933), que abordava a soroterapia, e cobras compradas de roceiros da região, Vital começou a extrair veneno e fazer análises clínicas. Foi assim que percebeu que o soro de Calmette era inativo contra os venenos da cascavel e jararaca.
Vital, então, criou o soro anticrotálico, ativo contra o veneno da cascavel, e o soro antibotrópico, ativo contra o veneno da jararaca. A partir disso, a especificidade dos soros antipeçonhentos passou a ser uma realidade para profissionais de saúde, que passaram a direcionar melhor os tratamentos.
Bina Antes da telefonia móvel, saber quem estava ligando antes de atender a chamada era uma grande questão. Isso mudou com a invenção de um brasileiro. O equipamento de telefonia fixa para saber quem acabou de ligar, popularmente conhecido como bina, foi criado pelo mineiro Nélio José Nicolai.
Em 1997, Nicolai recebeu do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) a patente do Bina. O aparelho fez um enorme sucesso entre os brasileiros, pois possibilitou pela primeira vez às pessoas saberem que havia ligado a elas.
Contudo, a autoria, não é uma unanimidade. Até o seu falecimento em 2017, Nicolai lutou na justiça para obtenção da patente interina do identificador de chamadas, pois além dele outros dois brasileiros também brigam na Justiça para serem reconhecidos como inventores do Bina: João da Cunha Doya e Carlam Bezerra Salles.
Urna eletrônica Equipamento usando desde as eleições de 1996, a urna eletrônica é mais um invento brasileiro.
A criação de um aparelho mecanizado para coletar votos era um desejo que permeia o Brasil, desde o primeiro Código Eleitoral, de 1932, que previa em seu artigo 57 o “uso das máquinas de votar, regulado oportunamente pelo Tribunal Superior [Eleitoral]”, devendo ser assegurado o sigilo do voto.
Essa ideia somente saiu do papel na década de 1990, quando sob a liderança de Carlos Prudêncio, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) formou uma comissão técnica composta por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Centro Técnico Aeroespacial (CTA) para desenvolver o projeto da “máquina de votar”. A primeira urna eletrônica combinou tela, teclado e CPU.