Blogs→RAPIDINHA VOX→Mulher ganha processo após ter sapatos ridicularizados por colegas
Imagem: Jeremy Moeller/Getty Images
Mulher ganha processo após ter sapatos ridicularizados por colegas
Uma atendente de telemarketing foi indenizada após ser apelidada de “dublê de rico” por usar sapatos de grife
Por Alessan Silva
03 de Outubro de 2025 às 13:37
Roupas, sapatos ou acessórios de grife, por serem itens tradicionalmente duráveis e de qualidade, são desejos comuns a grande parte das pessoas. Apesar disso, existe um estigma social envolvido, já que essas peças, devido aos preços elevados, muitas vezes estão restritas ao público de maior poder aquisitivo. A situação ganhou um exemplo recente com o caso de uma operadora de telemarketing em Minas Gerais, que recebeu uma indenização de R$40 mil após sofrer assédio moral de colegas de trabalho por usar calçados de grandes marcas.
Processo e indenização Após sofrer constrangimentos contínuos, pressão psicológica e brincadeiras de gosto duvidoso, uma operadora de telemarketing de um banco em Belo Horizonte (MG) desenvolveu quadros de depressão e ansiedade. A razão da “chacota” estava no uso recorrente de sapatos de grife, motivo que levou os colegas à chamá-la pelo apelido “dublê de rico”.
Incomodada, a vítima entrou com um processo contra a equipe e empresa, e ganhou respaldo jurídico no caso, com indenização por danos morais, referente ao assédio moral “sofrido de forma sistemática e recorrente”, de acordo com o processo. Do montante de R$40 mil da indenização, R$10 mil foram pelo assédio moral decorrente de apelidos depreciativos, e R$30 mil foram relativos à doença ocupacional desenvolvida pela mulher.
Grifes e o desejo Segundo a psicóloga Izabelle Santos, o consumo de peças de grife tem diferentes significados, mas tudo depende do contexto social em que a pessoa está inserida. “Para alguns é sinal de status e valorização, para outros motivo de críticas e até de chacota”, reflete a terapeuta.
O peso negativo incumbido no uso de roupas caras comumente recai sobre a parcela do público cuja renda “não corresponde ao consumo de luxo”, especialmente pelo fato de que que gastar com peças consideradas luxuosas, para muitos, é visto como algo “fútil”.
Vestuário como uma forma de autoexpressão Roupa e identidade andam lado a lado. Escolher uma determinada camisa, calça, casaco ou calçado faz parte de uma tentativa de autoexpressão no mundo, por mais inconsciente que essa escolha seja. Não à toa, a depender do ambiente, é comum optar por peças mais despojadas ou mais formais. A construção de um guarda-roupa alinhado com a personalidade de alguém se apoia em como essa pessoa se vê no mundo.
Izabelle Santos defende que uma peça representa tanto autoestima, quanto identidade. “Comprar uma peça de luxo pode ser uma forma de recompensa pessoal, funcionando como símbolo de superação ou realização”, reforça.
Na avaliação da psicóloga, o ideal seria o caminho inverso à culpa, entendendo que o desejo é legítimo, mas precisa ser administrado de forma adequada, sem precisar se comprometer financeiramente para isso.
Aproveitando o tópico, relembre vídeo da coluna sobre a história do Adidas Samba, um dos modelos de tênis queridinhos dos últimos anos.